Não era meu intuito gastar um post pra dar essa opinião mas acabei refletindo e achando que valia a pena o registro.
Passeando pela internet vi a seguinte chamada: "Depois de reclamar roubo de imagens íntimas, Carolina Dieckmann publica foto na banheira" a reportagem saiu no portal do Estado de Minas e eu li aqui.
Na mesma página eu li outra chamada: "Estudante brasileira que leiloa virgindade já conseguiu R$ 130 mil em 4 dias" (a matéria está aqui).
Aí fiquei pensando: os valores de privacidade com certeza mudaram nos últimos anos; comportamentos antes considerados vulgares e inapropriados para mulheres hoje são vistos como normais e sinônimo de "poder" e alta auto estima.
Não tem muito tempo escrevi outro post sobre esta questão dos valores da sociedade atual (aqui para quem quiser).
Por favor entendam que o que escrevo é minha opinião e além de não haver nenhuma compensação financeira não há nenhum intuito em se promover ou denegrir ninguém.
No caso da Carolina Dieckmann eu penso o seguinte: quando ela posta uma foto dela na banheira, foto que aliás mostra apenas partes dos braços e pernas dela, ela escolheu aquela foto e achou que não havia problemas do filho dela adolescente, seus amigos e familiares a vissem.
Por outro lado, quando uma pessoa mal intencionada, se apropria de um conteúdo particular (fotos pessoais que estavam salvas em um computador pessoal) e o utiliza para chantagem ou o expõe sem autorização isto é um crime e ela reclamou/ denunciou exercendo seu direito à privacidade.
Existe uma diferença bem grande entre as fotos que "vazaram" na mídia há um tempo atrás (tinha até um nu frontal) e esta foto de agora (que podia muito bem até ser a divulgação de um novo trabalho) e deveria existir uma separação entre a exposição da atriz Carolina Dieckmann e de seu trabalho e da pessoa Carolina Dieckman, mãe, esposa, ser humano com limitações e defeitos.
Não estou aqui julgando/defendendo seu comportamento, nem a conheço para tal, mas registro que acredito no direito que ela (e todos os outros famosos) tem de se indignar com a falta de respeito da mídia em relação a sua(s) vida(s) pessoal(ais).
Aí vamos ao outro extremo: o caso da moça da virgindade leiloada.
Longe de mim falar que ela está errada de colocar preço em algo que lhe pertence, mas confesso que fiquei um pouco triste ao constatar que esta idéia de leiloar a virgindade veio de uma terceira pessoa, que reuniu jovens de diversas partes do mundo para conduzir um documentário e que as familias destes jovens os apoiam em suas escolhas (além das pessoas que estão dando lances no leilão).
Gente, até aceito pensar "ahhh... já que um dia você vai mesmo perder a virgindade, por que não ganhar uma grana com isso?" (e não quero falar sobre prostituição aqui por que não sou contra as pessoas que fazem sexo por dinheiro mas gostaria que as circunstâncias em que elas o fazem fossem melhores) mas fico pensando é no seguinte: como será pra essa moça, que nunca teve uma experiência sexual de penetração vaginal (sem hipocrisia: sexo oral e anal deixam o hímem intacto) deixar uma pessoa que ela nunca viu (e que não necessariamente será uma pessoa gentil e agradável) faça sexo com ela pela primeira vez?
E se antes de acabar o documentário/ leilão ela conhecer uma pessoa especial e quiser perder a virgindade com ela, o que será que vai falar mais alto?
Temos sido bombardeados por conceitos diferentes, músicas que comparam as mulheres a objetos (ou animais), novelas/ filmes/seriados em que a falta de caráter é vista como sinônimo de poder e fonte de orgulho. A impunidade para o preconceito ainda é grande, as possibilidades na internet são infinitas, mas algumas coisas são insubstituíveis e o tempo nunca volta.
Outro dia li uma frase no facebook atribuída ao Pablo Neruda, que era mais ou menos assim: você é livre para fazer suas escolhas, mas é refém das consequências.
Nessas duas publicações do jornal havia comentários de pessoas que também leram a matéria (confesso que não registrei lá minha opinião por pura preguiça de fazer o tal cadastro para publicar um comentário). Vi gente ofendendo gratuitamente a atriz e a menina, fazendo comentários agressivos.
Não sei se as pessoas refletem sobre o que leem, se absorvem aquela informação e a replicam ou se as notícias como esta são logo substituídas por um resultado de um jogo de futebol ou um capítulo da próxima novela, mas acho que em algum momento vamos ter que pensar se esta é a vida que realmente queremos levar ou se seremos por ela levados, chegando a achar normal e louvável certos comportamentos e criticando duramente situações absurdas.